As Musicas da Ditadura
Numa época em que a liberdade de expressão é cerceada, nada mais criativo que expressar desejos e anseios através da música. A Ditadura Militar que o Brasil viveu, entre os anos de 1964 e 1985, fez com que músicas se tornassem hinos e verdadeiros gritos de liberdade aos cidadãos oprimidos e sem possibilidade de se expressar como desejavam. Através de letras complexas e cheias de metáforas, elas traduziam tudo o que sentiam.
Além disso, os festivais de MPB, promovidos pela TV Excelsior e, posteriormente, pela TV Tupi, auxiliaram na divulgação das canções tornando-as ainda mais populares. Essa lista pretende mostrar as músicas que criticavam o governo militar, contando um pouco da história de cada uma delas e seus significados ocultos, que passaram, muitas vezes, batidos pela censura.
Pra Não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré
https://www.youtube.com/watch?v=A_2Gtz-zAzM
Nada mais lógico e natural que começar a lista com o hino do movimento de resistência. Pra Não Dizer que não Falei das Flores, composta em 1968, pelo paraibano Geraldo Vandré, fez com que os militares censurassem a canção por fazer clara referência contrária ao governo ditatorial. O refrão “Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer” foi considerado um verdadeiro chamado às ruas contra os ditadores.
Além do refrão, a estrofe “Há soldados armados/Amados ou não/Quase todos perdidos/ De armas na mão/ Nos quartéis lhes ensinam/ Uma antiga lição/ De morrer pela pátria/ E viver sem razão” é uma das mais explícitas das produções musicais no momento.
Apesar de você, de Chico Buarque
https://www.youtube.com/watch?v=33-bMTOlvx0
Provavelmente, a música mais representativa do momento da safra de Chico Buarque, um dos principais compositores contrário ao regime militar. Lançada em 1970, foi imediatamente censurada pelos militares que, rapidamente, identificaram a crítica implícita à falta de liberdade.
Porém, antes mesmo da censura, a cantora Clara Nunes gravou e lançou a canção. Foi o bastante para a música, assim como Pra Não Dizer que não Falei das Flores, se tornasse um hino de resistência, sendo comum ver pessoas entoando o refrão nas ruas.
Chico e Clara, aliás, sofreram consequências. Chico foi perseguido e censurado pelo restante do governo. Suas músicas, até mesmo as que não possuíam uma crítica muito dura, eram censuradas e proibidas de serem gravadas. Já Clara Nunes se viu obrigada a realizar publicidade ao governo para não sofrer outras sanções.
Eu quero é botar meu bloco na rua, de Sérgio Sampaio
https://www.youtube.com/watch?v=PiCteoGZf7Q
Durante a Ditadura, os militares andavam com tropas pelas ruas para evitar manifestações populares. Sérgio Sampaio, então, no ano de 1972, lança Eu quero é botar meu bloco na rua, onde o compositor impõe seu desejo de que as tropas sejam substituídas pelos blocos (povo). Além disso, refere-se aos militares como Durango Kid, um durão cowboy dos faroestes americanos.
Acorda Amor, de Chico Buarque
https://www.youtube.com/watch?v=kMmlXCcRjJc
Mais uma canção do mestre Chico Buarque. Essa, porém, é uma das mais explícitas. Em um dos trechos (“era a dura/numa muito escura viatura”) faz quase uma referência direta à ditadura militar. De maneira muito clara, ela narra a história de alguém que é levado de casa pelos militares por ser um opositor ao regime.
O que é interessante de ser observado é que o eu-lírico até se confunde ao tentar pedir ajuda. Ele pede, desesperadamente, para chamar alguém. Mas quem? A polícia? Por isso, ao final, ele pede ajuda até mesmo a algum ladrão. O mais interessante é que a música, gravada em 1974, passou na primeira censura.
Que as crianças cantem livres, de Taiguara
https://www.youtube.com/watch?v=4MjBfkldKK8
Taiguara foi um dos músicos mais censurados e perseguidos durante a Ditadura Militar. Teve 68 canções censuradas e foi obrigado a se exilar, ao ser ameaçado, inúmeras vezes, de tortura. Em Que as crianças cantem livres, Taiguara, fala sobre os problemas graves do período, mas com uma esperança ao final de seus versos. Esperança de tempos livres, onde as crianças poderão cantar livremente.
Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil
https://www.youtube.com/watch?v=Bf5S-A-Lzho
A música, composta em 1973, só pode ser lançada cinco anos depois, devido à forte censura. Fazia um inteligentíssimo jogo de palavras entre “cálice” e “cale-se”. Além disso, faz claras referências ao regime da época em versos fortíssimos como “quero cheirar fumaça de óleo diesel”, onde faz alusão à prática de tortura onde o preso era submetido ao processo de inalar fumaça de óleo diesel.
Esses foram alguns exemplos de importantes musicas que marcaram uma terrível era de opressão, em que uma simples opinião lhe leva a morte, entre suplicas de mudanças e frases de esperanças essas musicas se mantem importantes marcadas na historia de nosso querido país até hoje.
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Estela, Jéssica Cruz e Jéssica Myamoto 7º ano A
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